Mesmo já sabendo que o estresse vem sendo chamado de “a doença dos anos 80” (Topping, 1990), o que na verdade ele é? Pois bem, você poderá senti-lo a cada momento e até mesmo quando ler estas palavras! Assim, podem ocorrer alguns incidentes no dia de hoje que venham somar-se à sua tensão ou ansiedade, ou seja, problemas com dinheiro, família e trabalho (ou a falta deste); enfim, circunstâncias que estão fora do seu controle ou influência e que foram acrescentadas ao seu estresse anterior, como, por exemplo, a falta de bateria no despertador que fez você perder um encontro com hora marcada.
De acordo com o médico canadense Hans Selye (1984) e outros especialistas, o estresse prolongado provoca primeiramente algumas reações imediatas e depois um estado mais ou menos equilibrado no qual o estresse ainda resiste, até que por fim surge a quebra dessa resistência (Wingate e Wingate,1988),fazendo com que a saúde comece a ser afetada.
Estresse Positivo e Negativo
Nem sempre o estresse é negativo ou mesmo indesejável; na verdade, o indivíduo necessita de certa dose de estresse para funcionar com eficiência e para lidar com as diferentes situações. Certa quantidade dessa manifestação será, portanto positiva e até desejável. O estresse só será então negativo quando indesejado ou excessivo. No primeiro exemplo, o estresse serve de motivação e como um mecanismo prove- dor do corpo. De fato, talvez haja mesmo um pouco de verdade quan- do se diz: “Não me peça para relaxar, pois é o meu estresse que está me mantendo inteiro!”
A produção de adrenalina é um dos efeitos positivos do estresse que nos é necessário, tanto para nos motivar como para nos dar energia durante a realização da mais simples tarefa. Por isso, o estresse não é necessariamente um problema, e só vem a sê-lo quando nossa vida cotidiana o produz numa quantidade muito maior do que aquela com a qual conseguimos lidar. E uma intensidade como essa depende sempre do grau de suor e lágrimas que a vida nos causa (Selye, 1984). Em outras palavras, depende do tipo de experiência que se tem e do volume de sofrimento e de alegria que a vida nos reserva. Tal como qualquer emoção, o estresse pode ser qualificado como produtivo e improdutivo, ou como positivo e negativo. Assim, um esportista pode ter uma experiência agradável e um estresse positivo durante uma escalada competitiva ao Monte Evereste. Como vemos, o estresse positivo é capaz de nos estimular e de nos dar uma energia a mais para que possamos lidar com os desafios de tarefas como essas, mas depois a nossa mente e o nosso corpo retornam ao seu estado natural, sem que ocorra nenhum efeito negativo sobre a nossa saúde.
Por outro lado, o estresse negativo pode causar frustração, irritabilidade e falta de humor; se não for controlado, é capaz de enfraquecer a resistência e provocar doenças. Algumas pessoas podem, no entanto levar a vida toda sofrendo de um estresse ameno, com o qual são capazes de lidar, sem que haja distúrbios que afetem seriamente a sua saúde. Outras, porém, vivem sob um estresse tão severo, que terminam doentes – às vezes fisicamente, outras vezes mentalmente, ou de ambas as maneiras, dependendo da “taxa de suor e lágrimas” que o estresse ocasionou nos seus corpos e nas suas mentes.
De certa forma, é possível comparar o estresse com a gripe. Quantas vezes você já viu uma pessoa com uma gripe fortíssima, dizendo que só está resfriada? E em quantas ocasiões você viu alguém dizendo que está “estressadíssimo”, quando na realidade ele só está sendo um pouco “pressionado”? Portanto, como já dito, sem certa dose de estresse nenhum de nós poderia funcionar de maneira plena.
Como o Corpo Lida com o Estresse?
O corpo é capaz de lidar com qualquer espécie de estresse, seja positivo ou negativo, através da liberação de uma energia extra oriunda de sua “loja” nutricional. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, um oxigênio extra é transportado para o cérebro enquanto uma adrenalina extra também é produzida. Tais transformações ocorridas no corpo do indivíduo preparam-no para lidar com qualquer situação causadora de estresse. Essa preparação é aquilo que Hans Selye chama de primeiro estágio do estresse. O segundo é constituído pelo conjunto da ação através da qual o indivíduo faz uso dos seus recursos extraordinários. Por exemplo: Certa mãe perde o seu filhinho durante as compras. Embora ela não consiga vê-lo num primeiro momento, a situação ainda não é muito preocupante, uma vez que o menino só pode estar pelos arredores. Mas o fato é que ele não está por perto, e assim começa o primeiro estágio do estresse. Ela percorre então cada ala- meda do shopping, usando a sua energia extra, e enquanto isso o seu estresse aumenta, ao mesmo tempo em que o pânico passa a ser a sua única emoção. E, se a criança não for encontrada, o medo será acrescido a esse pânico, que por sua vez aumentará ainda mais o seu estresse, o que parecerá não ter mais fim, se nem ela nem o segurança do local conseguirem encontrar o menino. Até que eles resolvem telefonar para a polícia, tornando o estresse ainda mais intenso, na medida mesmo em que uma outra emoção, a culpa (ou autocondenação), começa a ser vivenciada, fazendo com que ela diga para si mesma a todo momento: “Por que não o segurei pela mão o tempo todo?!”
Somente quando uma situação estressante é prolongada, sem que seja tratada, é que pode ocorrer o terceiro estágio, sempre iniciado pela exaustão. Assim, nessa história hipotética, poderia haver um final feliz, desde que alguém tivesse achado a criança vagando pela rua e a tivesse levado para o posto policial. Entretanto, a intensa emoção de alívio diante desse novo fato talvez desencadeasse na mãe uma outra emoção, a raiva. Afinal, quem dentre nós não sentiria “raiva” depois de se ver aliviado frente a um filho que saiu, são e salvo, de uma situação tão preocupante? Mas, apesar de tudo, a situação estressante teria terminado bem fazendo com que o corpo e a mente da mãe pudessem voltar gradualmente ao normal.
Caso essa história se referisse a um adolescente desaparecido ao sair da escola, e isso se prolongasse não apenas por um dia, mas por semanas ou meses, seria vivenciada uma magnitude muito maior de emoções, dando ensejo a que surgisse um estresse bastante severo. E é justamente nesse momento de estresse excessivo que começa o seu terceiro estágio, de maneira que o seu aspecto verdadeiro (clínico) seja vivenciado. Isso pode ocorrer por causa de um distúrbio emocional, como o que haveria no caso do adolescente, ou de uma violação física, ou mesmo de um trabalho sobrecarregado ou da falta de desafios na vida. Ao final, com o enfraquecimento gradual do sistema imunológico, manifestam-se as dores de cabeça, os distúrbios estomacais, a insônia, a suscetibilidade às infecções, etc. (Price e Price, 1999, pág.208.)
Como Devemos Lidar com o Estresse?
Um hábito comum ao estresse é o de beber mais café ou fumar muito mais (quando se é um fumante); infelizmente, isso não contribui em nada para diminuí-lo, até porque o melhor a fazer em tal situação é agarrar-se a si mesmo de forma positiva. Planeje então cuidadosamente o horário do seu dia, para que haja um tempo reservado ao seu descanso; talvez uma pequena caminhada lhe seja bastante relaxante. Se não for possível caminhar durante o dia, levante uma hora e meio mais cedo (se você ainda estiver com sono, procure dormir uma hora e meio mais cedo) e dê uma pequena caminhada antes do café da manhã, o qual deve ser mais substancial do que a costumeira xícara de café ou chá, que, aliás, nunca foi uma boa maneira de começar o dia, mesmo para quem não está passando por estresse! E tente comer devagar, mastigando muito bem os alimentos, pois, quando se engole a comida sem mastigar, o sistema digestivo sai prejudicado.
A Escolha dos Óleos Essenciais para o Estresse
Muitos óleos essenciais contêm componentes químicos naturais que são relaxantes, calmantes ou sedativos; será, portanto a partir deles que a escolha inicial deverá ser feita, para que o estresse seja combatido com sucesso.
Chegamos à conclusão de que a melhor maneira de estudar as propriedades relaxantes de uma fragrância deve ser a investigação dos seus efeitos fisiológicos.
Warren e Warrenburg,1993
Os óleos que contêm os constituintes aqui necessários – e que estão mais detalhados no Capítulo 8, da obra Aromaterapia e Emoções, de Shirley Price – são os seguintes:
- Óleo Essencial de Anis
- Óleo Essencial de Camomila Romana
- Óleo Essencial de Cravo
- Óleo Essencial de Bagas de Zimbro
- Óleo Essencial de Limão Siciliano
- Óleo Essencial de Melissa
- Óleo Essencial de Laranja (ácida)
- Óleo Essencial de Ylang-Ylang
- Óleo Essencial de Bergamota
- Óleo Essencial de Salvia Sclaréia
- Óleo Essencial de Cipreste
- Óleo Essencial de Lavanda
- Óleo Essencial de Manjerona (doce)
- Óleo Essencial de Neroli
- Óleo Essencial de Rosa Búlgara
FONTE: AROMATERAPIA E EMOÇÕES
AUTORA SHIRLEY PRICE